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Quase

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Por Sarah Westphal Ainda pior que a convicção do não ou a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór. Está estampada na distância dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, meio que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir, entre a alegria e a dor, sentir nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio