Igrejas apostólicas e pastorais – diferenças gritantes


       Antes de ir direto ao assunto, me permita uma breve introdução. A igreja evangélica brasileira acabou adotando um comportamento infantil relativamente recente: seguir modas e tendências. Anos atrás, raríssimos homens ousariam se autointitularem apóstolos. Dado o peso bíblico que esta palavra carrega, seria um atrevimento praticamente inaceitável alguém se autodenominar assim. Contudo, de uma hora pra outra, muitos que eram pastores se tornaram apóstolos e ninguém sabe direito como e porquê. O fato é que virou moda ser chamado de apóstolo no Brasil e isso sem nenhum critério bíblico claro e rigoroso. Para um país que quase não tinha nenhum pregador do Evangelho com esse título, é de se estranhar essa explosão de ‘apóstolos’ nos anos recentes.


         Infelizmente o nível destes apóstolos atuais passa a zilhões de quilômetros de distância daquele que é o maior referencial de cristianismo depois de Jesus: o apóstolo Paulo. Embora eles carreguem o título, não transmitem o conteúdo natural de um apóstolo! Se compreendessem a obra do apóstolo Paulo, provavelmente abandonariam esse título rapidamente. Outra moda não tão recente foi a igreja na visão celular. Particularmente, não tenho nada contra essa visão, mas o efeito megalomaníaco causado por ela foi estrondoso. Hoje essa moda já não é tão destacada assim. Essas modas e tendências surgem periodicamente na igreja, como se houvesse uma necessidade midiática de angariar destaque no cenário nacional. Isso distancia a igreja de seu verdadeiro fundamento: a Palavra de Deus. Métodos não são fundamentos, não são princípios e não são os objetivos. Métodos são métodos, e não há nenhum que seja universal, absoluto e irrefutável. Viver a Palavra de Deus em Sua plenitude é o melhor método para a igreja atrair os pecadores a Cristo. Porém, tendo em vista que este “método” exige um nível disciplina altamente elevado, as pessoas preferem aderir a outras técnicas de marketing mais eficientes.
         Considerei essa introdução necessária para que o leitor não pense que fui impelido a escrever sobre o tema por ter sido influenciado pela moda evangélica (a moda de chamar todo mundo de apóstolo). E pasmem: até mesmo ‘apóstolas’ estão sendo consagradas ao ministério. Quanta bizarrice!
Minha motivação em escrever não tem nada relacionado com isso. Coisas como “pés apostólicos”, “ano apostólico”, etc. não possuem fundamento bíblico. Tudo isso é apenas fruto da moda. Minha motivação em escrever recai sobre o fato de reconhecer que há sim unção apostólica e igrejas com forte caráter apostólico que as diferencia de igrejas pastorais. Nessas coisas sim, eu acredito. Creio em unção apostólica, assim como creio em unção profética, evangelística, pastoral e de ensino (Ef 4.11).


         Não é tarefa difícil distinguir e diferenciar uma igreja pastoral de uma apostólica. Há características básicas que as diferencia. Porém, deve-se prestar atenção que estas características não são artificiais, são espontâneas. Tem muita gente fazendo coisas apenas para atrair atenção e ganhar alguma notoriedade, sem seguir a verdadeira vocação do seu chamado. Ou seja, fazendo coisas por mero modismo e por que fica bem na ‘fita’. Assim, uma igreja pode ser essencialmente pastoral e desenvolver atividades apostólicas por mero modismo e não por visão original de Deus. Por outro lado, uma igreja apostólica pode se limitar a ser uma igreja pastoral por causa do medo ou por outro motivo qualquer. Dito isto, vamos ao que interessa!

Igrejas pastorais

- Normalmente não levantam nenhum outro chamado ministerial além de pastor;
- Não iniciam nenhuma igreja em outros locais;
- Não enviam e nem sustentam nenhum missionário;
- Possuem um número limitado e uma certa rotatividade de membros.

Igrejas apostólicas

- Normalmente desenvolvem vários chamados além do pastoral;
- Iniciam igrejas locais em várias regiões;
- Enviam e sustentam missionários;
- Erguem ministros com certa frequência;
- Tem um número maior de membros;
- Possuem estrutura espiritual e financeira consistente;
- Tem grande foco na doutrina e nos fundamentos da Palavra.

         Estas diferenças são vocacionais e dificilmente são perceptíveis para o público. Você pode encontrar igrejas pastorais fazendo tudo que é intrínseco a uma igreja apostólica, e ainda assim ela continua sendo pastoral. Não é o fazer que determina a diferença, é o ser. Você não precisa fazer nada para ser o que Deus quer que você seja, basta apenas você ser e então irá fazer naturalmente e espontaneamente o que Deus quer. Apesar do modismo normalmente definir a postura que a igreja vai adotar, o resultado pleno só é obtido quando ela segue a vocação dada por Deus. Não adianta tentar ser aquilo que você não é ou tentar ser aquilo que Deus não quer que você seja! Fazer coisas apenas por vaidade não produz frutos significativos, apenas resultados superficiais.
    Por fim, deve-se considerar que estas diferenças são essencialmente vocacionais. Não dependem tanto das pessoas, mas do poder que opera sobre elas em seu chamado. Por isso, há igrejas com visões locais enquanto outras possuem visão regional/universal. Para quem tem um chamado dentro dos 5 dons ministeriais, uma igreja apostólica é provavelmente muito mais atraente que uma pastoral. Para quem não tem chamado ministerial, uma igreja pastoral provavelmente suprirá todas suas necessidades espirituais que, diga-se de passagem, serão mínimas.

Um abraço a todos.

 Marconi

Comentários

  1. Olá, gostaria que mim esclarecesse,como você acredita em igrejas apostólica e fala todos requisitos de uma igreja apostólica, se você acredita que as pessoas se aototiluriza apóstolo, quem deu o titulo do apóstolo paulo?
    Ele mesmo se deu o titulo pois ele recebeu uma revelação de Deus e entendeu que Deus o chamou para ser apóstolo, se "jesus é o mesmo ontem, e hoje,e para sempse"RM13;8 por que ele não se pode revelar nos dias de hoje?

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    Respostas
    1. Olá! Vou tentar responder sua pergunta, mas não garanto satisfazer sua dúvida, pois não entendi muito bem seu questionamento.

      Não é possível comparar o apóstolo Paulo com os apóstolos atuais. Toda a trajetória de Paulo, mais do que corrobora suas afirmações acerca de seu apostolado, o que é indiscutível. No entanto, muitos dos que se intitulam apóstolos hoje, o fazem por pura vaidade e não por um chamado genuíno de Deus. Uma coisa não necessariamente anula a outra. O fato de haver muitos fanfarrões hoje em dia, não significa que o chamado apostólico tenha cessado. Ainda há apóstolos genuínos, desses eu não duvido.

      Paulo não se tornou apóstolo por que se intitulou um, ele evidenciou todas as características, frutos e caráter de um apóstolo. Além disso, recebeu o reconhecimento dos apóstolos de Jerusalém, o que foi fundamental.

      É perfeitamente possível nos dias atuais Deus credenciar alguém para esse ofício. Contudo, o que explicitei na postagem acima foi a vulgarização do chamado apostólico. Acredito que muita gente não possui a mínima credencial para o exercício de tão nobre função no corpo de Cristo. Creio que há apóstolos hoje na família de Deus, mas reprovo a banalização desse chamado.

      Se as pessoas fossem honestas e legítimas consigo mesmas, manteriam o discernimento, a moderação e o equilíbrio necessários na igreja. Porém, a vaidade se instalou e a condição atual é provavelmente irreversível.

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  2. Ola senhores...paz esteja com todos.
    Apos alguns anos de estudo e pesquisa... embora tenho que concordar em partes com o autor acima, no que diz respeito a vulgarizacao do titulo apostolo, creio que ressurgimento dos apostolos no Brasil e no mundo tem um cunho mais profundo, ligado a necessidade de resgatar os ministerios e oficios de Efesios 4:11. Ao qual desapareceu das igrejas nos ultimos 2000 por entendimento da igreja catolica romana. Para o crescimento e edificacao dos crentes em sua plenitude o Apostolo deve existir na atualidade.

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