A sutil diferença entre nascer de novo e se converter
Há um entendimento equivocado a
respeito do novo nascimento e da conversão. Esses eventos são diferentes e
podem ser resumidos assim: todos os que nasceram de novo se converteram, mas
nem todos que se converteram nasceram de novo. O indivíduo tem pouco ou nenhum
controle sobre a ocorrência do novo nascimento, é uma experiência que vem de
cima para baixo e resulta do exercício da soberania divina (Jo 3.27). Já na
conversão, a decisão consciente do sujeito é parte integrante do processo. A
única contribuição do sujeito para nascer de novo é se converter ao Evangelho
conscientemente. Contudo, isso não significa que o convertido não esteja salvo,
pelo contrário, a salvação atinge tanto o que nasceu de novo quanto o que
apenas se converteu (Jo 3.18; 5.24; 6.40,47; 17.3; Rm 10.8-13). A diferença é
que o nascido de novo tem maior probabilidade de desfrutar dos benefícios da
salvação do que o sujeito que apenas se converteu.
As características de um nascido de novo são inconfundíveis: fome insaciável da
Bíblia, ardente desejo pelo crescimento espiritual, intensidade no ato de
congregar, etc. Já aquele que apenas se converteu não apresenta nenhuma destas
evidências, ou pode apresentar uma ou outra com pouca intensidade. Apesar de
ser uma decisão consciente, o convertido que não nasceu de novo demonstra muito
mais uma adesão intelectual a um conjunto de ritos e crenças do que uma
experiência real com Cristo. Isso não é culpa dele. As reações de um nascido de
novo e de um convertido são involuntárias. Um nascido de novo não consegue
fingir que apenas se converteu, e um convertido é incapaz de interpretar que
nasceu de novo. As motivações para se converter são muitas: problemas de ordem
emocional, conjugal, financeira, enfermidades, etc. A motivação para nascer de
novo é: reconhecimento de que é um pecador e que necessita desesperadamente da
graça divina.
Considere o exemplo de Nicodemos (Jo
3.1-12). Quando ele se dirigiu a Jesus, suas palavras foram de reconhecimento
da divindade do Messias e da aprovação de Deus a respeito de Cristo. O curioso
foi a resposta de Jesus: é necessário nascer de novo!
Ou seja, não é suficiente reconhecer a divindade de Cristo, para entrar e ver o
Reino de Deus é preciso nascer de novo. O Reino de Deus foi definido por Paulo
como justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 4.17). Ora, contemplar esse
Reino e entrar nele se refere a compreendê-lo espiritualmente e usufruir de
seus recursos, vivê-lo, interagir com ele, se mover nele. Para tanto, é
necessário nascer de novo. (lembre-se: há uma
sutil diferença entre Reino de Deus e Reino dos céus. Tal diferença não era conhecida
pelos apóstolos de Cristo, nem pelos copistas e nem pelos tradutores, por isso em
nossas traduções eles são iguais. Em outro momento abordaremos esse assunto
detalhadamente)
Nicodemos
indagou como nascer de novo e Jesus não respondeu como. Ele enfatizou a exigência do
novo nascimento (v. 5), distinguiu o nascimento natural do espiritual (v. 6) e
demonstrou a soberania divina sobre quem nasce de novo (v. 8). Isto é, não há
uma fórmula mágica para fazer este ou aquele usufruir do novo nascimento. É
exercício da soberania divina. Nicodemos foi o clássico exemplo de uma pessoa
que apenas se converteu, mas não nasceu de novo. Isso não quer dizer que não estivesse
salvo, mas que Nicodemos tinha apenas uma compreensão religiosa do Reino de
Deus e não a revelação plena (I Co 2.14).
Nesse
momento é oportuno destacar que o novo nascimento se desdobra em nascer da água
e do Espírito
(Jo 3.5). O nascer
da água é o nascer da Palavra de Deus (Jo 13.10; 15.3; II Co 7.1; Ef
5.25-27; Hb 10.22; I Pe 1.22,23). É o processo pelo qual tanto o convertido
quanto o nascido de novo experimenta: ser limpo pela exposição e submissão de
sua vida à Palavra de Deus. Esse processo é prolongado. Segundo as Palavras do próprio
Jesus, Seus discípulos já estavam limpos pela ... palavra que vos tenho falado (Jo
15.3). Mesmo estando limpo, o comportamento deles era natural. É o que acontece
hoje. Muitas pessoas se convertem, estão na igreja, desenvolvem atividades na
obra, mas são naturais. Apesar de terem nascido da Palavra, não nasceram do Espírito.
Não possuem compreensão e intervenção das coisas do Reino de Deus. Dão bom
testemunho, evitam uma vida pecaminosa, se afastam das coisas mundanas, mas não
desfrutam de uma vida plena em Deus. Elas pouco usufruem dos benefícios da
salvação. São pessoas naturais (I Co 2.14; Hb 5.11-14). Possuem muito mais uma visão
religiosa do que espiritual acerca das coisas de Deus. Por isso Paulo orava
tanto pela igreja: Ef 1.17-19; Fl 1.9-11; Cl 1.9,10.
O
nascer do Espíritoocorre quando o sujeito tem as dimensões do Reino de Deus abertas diante de
seus olhos (I Co 2.9-16). É quando o indivíduo é mergulhado, inserido e
imergido na dimensão do Espírito e dela toma ciência e com ela passa a
interagir conscientemente. É um processo de revelação que só Deus pode
proporcionar (Mt 11.25-27; 16.17; Lc 2.26; II Co 4.6; Gl 1.15,16; Ef 3.8-11). A
dinâmica do novo nascimento está bem definida em Ez 36.25-27:
Nascer da água - Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
Nascer do Espírito - Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
Os discípulos de Jesus só tiveram acesso ao nascer do Espírito quando o Mestre ressuscitou e soprou sobre eles o Espírito (Jo 20.22; Tt 3.5). Experiência essa que atingiu o apogeu no batismo do Espírito Santo (At 2; 19.1-7). Deve-se ressaltar que o batismo no Espírito Santo também abre para o sujeito as portas da dimensão espiritual.
Nascer da água - Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
Nascer do Espírito - Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
Os discípulos de Jesus só tiveram acesso ao nascer do Espírito quando o Mestre ressuscitou e soprou sobre eles o Espírito (Jo 20.22; Tt 3.5). Experiência essa que atingiu o apogeu no batismo do Espírito Santo (At 2; 19.1-7). Deve-se ressaltar que o batismo no Espírito Santo também abre para o sujeito as portas da dimensão espiritual.
Sobre o novo nascimento, Paulo, o apóstolo da fé, escreveu
em II Co 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ou seja, para desfrutar dessa experiência singular, só
através de Jesus. Ninguém na antiga aliança teve o privilégio de usufruir do
novo nascimento (Gl 6.15).
Qual
a contribuição da igreja para que mais pessoas desfrutem do novo nascimento? Essa
pergunta é difícil responder, mas temos algumas pistas. Paulo escreveu aos
irmãos na Galácia: ... meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto,
até ser Cristo formado em vós... (Gl 4.19). Dores de parto denunciam
nascimento e Paulo já tinha sofrido tais dores pelos gálatas, mas estava
sofrendo de novo.
É provável que o número de nascidos de novo aumente na mesma proporção que a
igreja interceda pelos perdidos e sofra tais dores de parto na intercessão. É provável
também que o ambiente e atmosfera que uma pessoa se expõe tenham grande influência
sobre a possibilidade dela nascer de novo. Ambientes religiosos e meramente
humanos, dificilmente promovem o mover e ação do Espírito de Deus. Logo, é pequena
a probabilidade de alguém nascer de novo num ambiente religioso, tradicional, mecânico
etc. O lugar onde o Espírito Santo é desejado e onde há liberdade para Ele
fluir, é o ambiente propício ao novo nascimento, sobretudo quando
Sua soberania é reconhecida.
Um abraço a todos.
Texto muito esclarecedor!
ResponderExcluirEu procurei tanto por essa resposta! Muito obrigada😍😍😍😍😍 não imagina o quanto me ajudou! Yahuha abençoe!
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