Fé, religião ou superstição?
Uma
das melhores maneiras de dizer o que a fé é, é dizer o que ela não é.
Frequentemente se confunde a natureza da fé com práticas religiosas inúteis ou
com superstições banais. A substância da fé nada tem a ver com religião ou com
superstição. O exemplo bíblico do Novo Testamento que melhor descreve a fé em
seu nível supremo destaca um soldado romano como protagonista (Lc 7.1-10), o qual
nada tinha de religioso ou supersticioso. É uma enorme ilusão pensar que são
atitudes de fé esfolar os joelhos numa escadaria ou pedir a benção do pastor
para fazer uma viagem! Tanto no meio católico quanto no evangélico é possível
identificar um número de práticas supersticiosas e religiosas, ambas inúteis ao
desenvolvimento sadio da fé. Antes de citá-las, vamos esclarecer o que a fé não
é.
FÉ
NÃO É emoção, empolgação, euforia, superstição, religião, cerimonialismo,
rituais, tradições, autocomiseração, sensacionalismo, autoflagelação ou coisas
semelhantes a estas! A melhor definição de fé que encontrei fora das
Escrituras mas em harmonia com Ela, foi nas palavras do irmão Smith Wigglesworth. Ele disse: “O que é crê? Crê é confiar no que o Senhor disse a ponto de
aceitar Sua Palavra somente por que Ele a disse”. A definição
bíblica da fé em Hb 11.1 faz mais sentido prá mim em 3 traduções em particular:
Católica:
A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio
de conhecer realidades que não se veem.
NTLH:
A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos
e a prova de que existem coisas que não podemos ver.
VIVA:
QUE É A FÉ? É a convicção segura de que alguma coisa que nós
queremos vai acontecer. É a certeza de que o que nós esperamos está nos
aguardando, ainda que o não possamos ver adiante de nós.
Toda
essa certeza envolvida na definição de fé tem somente um fundamento: a Palavra
de Deus! Mesmo sem nenhuma demonstração palpável, tangível e visível, a fé se
expressa e se sustenta naquilo que Deus diz e não no que Ele faz! É claro que é
possível basear a fé no que Deus faz (Jo 4.48), porém o ensino bíblico nos
encoraja a apoiar nossa fé no que Ele diz. A máxima de Tomé coincide perfeitamente
com essa verdade: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não
viram e creram” (Jo 20.29). “Não ver” significa não tocar, não provar,
não sentir, não observar, não contemplar! Neste cenário em que os sentidos
naturais são inúteis, o exercício da fé se enquadra com perfeição. De acordo
com o apóstolo da fé (Paulo), a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo
(Rm 10.17). Ora, a pregação está relacionada com falar e ouvir, dar e receber.
A vontade de Deus é que Sua Palavra seja suficiente para nós a tal ponto que não
exigiremos nenhum tipo de demonstração do Seu poder para passarmos a confiar n’Ele.
Sua Palavra é suficiente! É o fundamento, o alicerce, a estrutura, a base, o chão,
o apoio sobre o qual nossa fé está arraigada. Contudo, para que a Palavra de
Deus se torne em nossa vida tudo o que Deus planejou que Ela fosse, é necessário
desenvolver íntima comunhão pessoal com o Criador. É precisamente nesse aspecto
que as pessoas preferem a religião e a superstição!
É
muito mais fácil ser uma pessoa religiosa e supersticiosa do que ser uma pessoa
de fé. Coincidentemente, isso é conveniente para os sistemas religiosos humanos.
Uma vez que a maior parte da liderança evangélica brasileira está interessada apenas
em manter as pessoas dependentes, o verdadeiro ensino bíblico da fé acaba sendo
abandonado por crendices, tradições e supertições. Além de ser mais fácil manter
o controle, essa estratégia também ajuda a manter a casa cheia (por fora, mas
vazia por dentro). Uma fé amplamente desenvolvida e amadurecida permite ao cristão
ir direto à fonte (Cristo – Gl 3.28,29; Cl 3.11) sem a necessidade de mediadores.
Este é o verdadeiro papel daqueles que possuem um chamado ministerial no Corpo
de Cristo, segundo as palavras do apóstolo Paulo (Ef 4.11-14). No entanto, promover
o desenvolvimento espiritual da igreja pode não ser conveniente para aqueles
que só buscam o controle excessivo e desequilibrado, o que compromete o aperfeiçoamento
da fé. Por esta razão, muitas atividades religiosas e supersticiosas se
perpetuam na igreja com o fim de manter as pessoas entretidas, dependentes e escravas.
O verdadeiro crescimento exige muito mais!
A
maturidade necessária à fé exige disciplina e perseverança. Segundo o apóstolo
Pedro, o aprimoramento da fé requer profunda associação com amor, diligência, virtude,
conhecimento, domínio próprio, piedade, perseverança, fraternidade, etc. Tudo
isso é necessário para a consolidação da fé (II Pe 2.5-11). É praticando estas
coisas que se pode oferecer um ambiente favorável à fé, como um adubo para uma
planta. Mas o que se observa em muitos lugares é uma tentativa de ocultar estas
verdades. Quando o objetivo das pessoas é apenas manter um lugar cheio de gente,
basta apenas oferecer um ambiente de entretenimentos e distrações. Acrescente a
isso pequenas doses de superstições e rituais religiosos, e o resultado será a
manutenção ou inchaço. Porém, a verdadeira fé NÃO PODE SER EQUIPARADA COM ESSAS
TÁTICAS. A fé nos transforma em bois selvagens, não em escravos (Sl 92.10).
Como
posso amadurecer minha fé? OUVINDO! Todavia, não é ouvindo qualquer coisa! Nos
dias atuais parece raro ouvir uma ministração isenta e descomprometida de
sistemas religiosos (I Sm 3.1). Praticamente tudo o que é pregado e ensinado atualmente
é visando tirar possíveis vantagens do povo que irá praticar o que escuta. Os ministros
da atualidade não pregam mais torcendo pela igreja, mas visando tirar proveito
dela. Portanto, seja seletivo na hora de ouvir boas mensagens. Procure não adotar
ninguém como “papa”, Deus não é centralizador. Há bons ministros espalhados por
várias igrejas no Brasil. Procure devorar as Escrituras humilhando-se diante de
Deus para receber revelações de Sua Palavra que alimentarão sua fé e nutrirão seu
espírito (Sl 119.18).
Lembre-se:
a fé genuína não é pelos olhos, é pelos ouvidos. Não baseie sua fé em
superstições e religiosidades, isso deixará seu espírito faminto! A vontade de
Deus é que Sua Palavra seja suficiente para o nosso descanso. Para ter uma estrutura
sólida na fé, é preciso ir direto à fonte. É claro que isso envolve oração,
meditação, comunhão (com Deus e com os irmãos), leitura, frequência nos cultos,
etc. Porém, sem transformar tudo isso em “amuletos da fé”. Portanto, direcione
sua dedicação para a fonte certa, a Palavra de Deus e procure conhecê-La. Transforme-a
em seu alimento diário e não num bolo para ocasiões festivas. Fazendo assim,
provavelmente você irá crescer e não será supersticioso e nem religioso! Provavelmente!
Um
abraço a todos.
Marconi
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