Senador Cristóvam Buarque defende o fim dos partidos políticos brasileiros
O
Senador Cristóvam Buarque, do
PDT-DF, iniciou seu discurso em plenário, no dia 21 de junho, criticando o
vazio que predominava na sessão, mesmo em meio a manifestações por todo o
Brasil, o que poderia ser uma evidência da desídia de seus "colegas"
para com a população.
Em
seguida, afirmou: "Eu me entristeço muito por não poder ir às passeatas. (...) É triste
você ser representante do povo, ter recebido tantos votos e, pelo fato de ser
um político, não ser visto como um deles".
Comentou
livro escrito anteriormente pelo mesmo e prosseguiu analisando as motivações
dos manifestantes. "Melhorar a educação, são uns, acabar com a PEC 37, são
outros, acabar com a corrupção, são outros. Mas o que unificaria todos? (...)
Acredito que para fazer o que eles querem, precisaríamos de uma lei contra 32
letras: 'São abolidos os partidos'. Isso sensibilizaria a população lá fora. Nada os unifica mais
que a ojeriza, a crítica aos partidos políticos. Talvez seja a hora. E vamos
trabalhar para saber o que a gente põe no lugar, se a gente põe no lugar outros
partidos ou outra coisa".
Senador Cristóvam Buarque. Imagem: Reprodução
Após
comentários à postura da ex-senadora Marina Silva, comentou: "Nossos
partidos não refletem mais o que o povo precisa com os seus representantes, nem
do ponto de vista do conteúdo, nem do ponto de vista da forma. Não estamos
incorporando os problemas da contemporaneidade. (..) Nós falamos em aumentar o
PIB e não em aumentar o bem-estar, falamos em mais carros e não em melhorar o
transporte. Falamos em cidadania e não em florestania ou em planetania, como
costumo defender, que é um salto adiante, colocando todas as florestas e
populações juntas, numa visão comum de todo o planeta. Ficamos velhos nas propostas e ficamos velhos nas formas.”
Comentou,
outrossim, a importância da internet e da velocidade presente na Era da
Informação. Além disso, defendeu o voto avulso para a Assembleia Constituinte
Extraordinária e emergencial. "Não há manifestação de um milhão de pessoas em um dia
que não exija uma revolução". Defendeu as manifestações, afirmando que "baderneiros"
seriam uma exceção. "Esse não era o espírito, o espírito era de um milhão de
brasileiros críticos do que acontece hoje no Brasil". Declarou
que Dilma deveria reconhecer os erros e a falência de como os políticos estão
fazendo políticas, erros ao buscar acordos e não consenso, entre outros. "Errou, entre
muitos erros, em levar à frente a prioridade da Copa, enquanto o país não tem
nem condições de prover segurança para os turistas. Errou nos acordos e
alianças com pessoas que têm fama de imoralidade e corrupção (...) Isso é prova
de que ou não se quer combater a corrupção ou de que o serviço de informações
do governo é precário, de modo que se tenha de saber pelos meios de comunicação
que há ministros por perto. Temos de atender a uma política para o povo, uma
política que os represente, que os dê orgulhe, precisamos de uma revolução".
"Povo tem razão: os
atuais partidos fracassaram. Nunca pensei que os partidos tivessem tantos
defensores. Só apanhei e muito por dizer que os atuais partidos precisam ser abolidos", escreveu em seu twitter após a
declaração no Plenário.
Lígia
Ferreira é analista de sócio-mecanismos.
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