Respondendo mal a um grande desafio


        Me parece que nunca antes na história da igreja brasileira foi tão necessária sua participação no cenário político-social. O problema é que a igreja atual não está a altura do desafio. Na verdade, se encontra a anos-luz de distância. Temos um grande número de irmãos extremamente alienados pelo processo religioso que se resume a classificar tudo e todos em termos de certo/errado, preto/branco, de Deus ou do diabo etc. Uma linha de pensamento reducionista, míope e alienadora da realidade.
        A igreja que o Brasil precisa não é a que temos. As gerações passadas fizeram um bom trabalho, mas infelizmente foram vítimas de uma forma religiosa de pensamento altamente nociva na qual tudo é ‘coisa do diabo’. Ou seja, nessa visão medíocre, a política é do diabo, a mídia é do diabo, as academias e universidades são do diabo, a pesquisa científica é do diabo etc. Por esse argumento torpe, muitos foram enganados pelo próprio diabo e hoje temos uma igreja que não sabe se posicionar politicamente, socialmente e cientificamente. A boa notícia nesse cenário terrível é que Deus está erguendo uma nova geração que saberá ter uma postura digna do Evangelho e que também possuirá credibilidade na academia, na ciência, na política, no contexto social etc. ONDE FOR NECESSÁRIO!


        Veja como uma ideia religiosa camuflada de humildade pode ser extremamente danosa. Na visão distorcida de muita gente religiosa, alguém que não se dedica exclusivamente à vida eclesiástica e vive alienado do meio social em que está inserido, é uma pessoa espiritual. Um raciocínio nefasto! Na história contemporânea da igreja ao redor do mundo, vários homens de Deus foram muito competentes em suas carreiras profissionais em campos distintos do contexto eclesiástico. Atualmente não possuímos bons representantes em número suficiente na academia, na política, na mídia, no cenário social, na pesquisa científica. Há décadas estamos carentes de cristãos competentes nesses e em outros setores da sociedade.
        Em outras nações parece ser mais comum presenciar cristãos influentes em seu contexto social, mas no Brasil isso não é visto com bons olhos. Um equívoco descomunal! Em nosso país você não é considerado espiritual se como cristão der uma contribuição para o desenvolvimento social, econômico, político, científico etc. da nação. Você é considerado espiritual apenas se sua contribuição resultar no aumento do número de igrejas ou algo neste sentido. Por esta razão a alienação dominou totalmente a igreja e hoje ela se baseia até mesmo em “visões” de irmãos para saber, por exemplo, em quem votar para presidente.
        Aparentemente, esse estado de alienação não só é promovido por boa parte dos líderes das igrejas como parece ser confortável para eles. O cenário indica que é mais fácil ter o controle de uma congregação alienada do que uma igreja pensante. O atrofiamento mental dos indivíduos promovido pelo contexto religioso não parece ser acidental. Como já coloquei em outro post, o compromisso de muitas religiões não é com os princípios morais objetivos ensinados no Evangelho soberano de nosso Senhor Jesus Cristo. O compromisso de muitas religiões é com os princípios administrativos do sucesso e brilhantismo. O conteúdo pleno e original do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo é inadequado para sustentar e fomentar um sistema meramente humano-religioso. O verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus Cristo visa libertar o homem do pecado, do maligno, do sistema mundano e até mesmo das garras da religião. Neste Evangelho o homem é pleno em Cristo.
        Acredito que embora o processo seja muito lento, Deus está trabalhando nos bastidores para trazer à tona uma nova geração que não se omitirá nas questões relevantes que a sociedade exige e dará um testemunho significativo em campos fundamentais. Creio particularmente que os princípios morais objetivos ensinados no verdadeiro Evangelho de Cristo ao nortear a vida de uma pessoa, a torna capaz de dar uma enorme contribuição para o desenvolvimento de uma sociedade. Note que eu não disse que uma pessoa meramente religiosa poderá contribuir para o desenvolvimento social, mas uma pessoa submetida aos ensinos puros de Cristo pode trazer grandes benefícios na ciência, na política, no desenvolvimento social etc. Sem o filtro da religião, a igreja poderá responder à altura aos desafios que lhe são apresentados. Tenho certa expectativa para ver essa nova geração atuando e influenciando o Brasil a caminhar na direção do desenvolvimento. De fato, acho que já localizei alguns, mas vou continuar a busca. Espero que você seja estimulado a fazer parte desse novo time que se levanta com a bandeira da coragem e do posicionamento, bem longe da covardia e omissão!

Um abraço a todos.

Marconi

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