Ainda sobre superstição
Neste excelente
vídeo, o Dr. William Lane Craig disserta a respeito de alguns aspectos
extremamente relevantes a respeito de Deus. Dentre eles, destaco os conceitos
da providência ordinária e da extraordinária, ambas oriundas do Criador.
A partir do
discurso do Dr. William Lane Craig, é possível inferir um conceito apropriado
de superstição. Nesse contexto, a superstição pode ser entendida como
interpretar todas as ações de Deus como providências extraordinárias, mesmo
aquelas que são declaradamente ordinárias. O comportamento supersticioso é
achar que Deus está agindo sempre de forma sobrenatural, quando na verdade Ele
está agindo dentro dos parâmetros que Ele mesmo estabeleceu para o
funcionamento normal da realidade. Não estou afirmando que Ele não age de modo
sobrenatural, estou dizendo que considerar TODAS as Suas ações como
sobrenaturais é superstição e sensacionalismo.
Vejamos se
consigo ser mais claro. Do meu ponto de vista, tenho uma impressão de que Deus
dispôs na própria estrutura da realidade, todos os recursos necessários para
que o homem tenha uma vida plena (do ponto de vista natural). Nesse sentido, a
pesquisa científica ganha uma conotação de destaque para descobrir e usar esses
recursos ao seu favor. Já passei pela dolorosa experiência de ver pessoas de
Deus morrendo vítimas de enfermidades. Em função disso, pensei que se a
medicina já dispusesse de tratamentos eficientes, pessoas maravilhosas ainda
estariam entre nós e produzindo muito para o Reino de Deus. Aqui é onde quero
chegar. Um comportamento supersticioso ignora completamente que a bondade de
Deus também se manifesta na ausência de eventos sobrenaturais e miraculosos. Também
é Deus quando a cura de novas doenças são descobertas, quando a desigualdade é
reduzida, quando menos pessoas sofrem, quando as guerras diminuem etc.
A providência ordinária do Criador está em
constante evidência. O detalhe importante é que nesta providência, a
participação e a contribuição humana são enormes. É por isso que o
supersticioso a ignora e a subestima. Pergunto ao leitor: devemos aguardar da
igreja ou da medicina a cura de várias doenças? Não ignoro que no seio da
igreja, milhares de pessoas são genuinamente curadas de doenças que até o presente
momento não tem cura. Porém, deve a medicina cruzar os braços e parar de
desenvolver pesquisas e depender da igreja? Esse
mesmo raciocínio se aplica às diversas áreas do conhecimento humano.
Qual é, portanto, a contribuição da igreja?
Certamente, espiritual. As palavras do apóstolo da fé resumem o que digo: “Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam
sabedoria, nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e
loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos,
Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1.22-24) O foco da
igreja é e deve ser Cristo. Sua contribuição é e deve ser espiritual. Igreja
não é ONG! Da mesma forma que a humanidade precisa da cura de doenças, ela também necessita de perdão de pecados, de paz espiritual, de comunhão com Deus, do alimento sólido da Palavra de Deus etc. É aí que entra a igreja. Mas isso é assunto para outro post. :-)
Um abraço a todos.
Marconi
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