Cair na unção

Depois de ter assistido aos 40min (aproximadamente) de reportagem, não pude ficar indiferente ao comportamento ímpio da rede Record. Dentre tantas reportagens que poderiam ser exibidas sobre os evangélicos, o dono da Record (lamentavelmente) escolheu uma com a finalidade de atingir os irmãos. Jamais vi uma reportagem dessa natureza em qualquer emissora e nunca esperaria ver isso em uma rede de TV cujo dono se considera cristão. A existência de infantilidades na igreja não constitui motivo para elaboração de uma reportagem ampla como a que foi transmitida. Por isso, segue alguns pontos abaixo:

1º) Algumas referências bíblicas para reações humanas não-convencionais na presença de Deus: I Sm 19.18-24; I Reis 8.10,11; II Cr 5.2-14 e 7.1,2; Ez 1.1-2.2 e 3.22-24 e 43.1-5; Dn 10.1-18; Jo 18.1-11; At 2.1-15; Ap 1.9-17

2º) A maior parte das imagens mostradas na reportagem são reações humanas fruto da meninice e infantilidade dos irmãos. Contudo, isso não quer dizer que reações genuinamente provocadas por Deus não possam ocorrer (veja os versículos acima). Euforia, empolgação, sensacionalismo, emoção, etc. não são novidades no meio cristão. Porém, isso não anula as genuínas manifestações divinas que podem eventualmente atingir o corpo humano de modo não-convencional. Além disso, em nenhum momento da reportagem alguém gabaritado que pratique o “cair no Espírito” teve chance de se pronunciar! Atacar pessoas sem oferecer chance de defesa é covardia!

3º) Em At 2.1-15, as pessoas pensavam que os irmãos estavam embriagados. Pergunto: você já viu algum brasileiro embriagado falar fluentemente algum idioma diferente do português? Em mais de 10 anos de evangelismo em minha cidade, ministrei a Palavra para muitas pessoas embriagadas nas ruas e nunca vi nenhuma delas falando inglês, alemão, árabe, etc. pelo simples fato de estarem embriagadas (nem o português falavam direito!). Esse é apenas um exemplo, veja os demais textos bíblicos citados acima.

4º) Qual o verdadeiro objetivo da Record exibir essa reportagem? Estaria o dono da Record preocupado com a condição espiritual da igreja evangélica brasileira? E os ataques diretos à Ana Paula Valadão e à Igreja Batista da Lagoinha? Há rumores de que um programa gospel será exibido pela concorrente da Record e a possível apresentadora será Ana Paula Valadão. Seria isso coincidência?

5º) A Record e o seu dono se comportaram piores do que ímpios (o que não é nenhuma novidade). Há muita coisa boa que poderia ter sido mostrada sobre os evangélicos: pessoas curadas de terríveis doenças, libertas das drogas, famílias restauradas, trabalhos sociais, cruzadas evangelísticas, pessoas que mendigavam e hoje são empresários, etc. Infelizmente escolheram o lado humano e sensacionalista.

Lamento por aqueles que não possuem discernimento para notar que se trata de uma guerra comercial. Creio que a IURD é uma parte importante do Corpo de Cristo no Brasil, mas também creio que o seu fundador perdeu totalmente o rumo da trajetória cristã. Assim como Saul que começou bem (I Sm 10.1-26), mas acabou matando os sacerdotes do Senhor (I Sm 22.6-23), consultou uma feiticeira (I Sm 28.1-20) e suicidou-se (I Sm 31.1-5), temo pelo líder da IURD.

Conheço muitos irmãos na fé que fazem parte dessa igreja e que nada tem a ver com esse triste episódio. Há homens e mulheres de Deus em abundância na IURD, mas não podemos aprovar qualquer comentário, doutrina ou comportamento de sua liderança. Devemos avaliar o que vemos e ouvimos (At 17.10,11), independentemente de quem fala e faz. Não podemos concordar com tudo que o dono da Record diz e faz só porque ele é o presidente da IURD. Como homem normal, ele está sujeito a erros e ninguém é infalível. E mesmo que outros homens como Silas Malafaia, R. R. Soares, Valdemiro Santiago, etc. tivessem produzido ou concordado com a reportagem, eles também deveriam ser repudiados por tal atitude.

No lugar de usar sua emissora para divulgar o Evangelho de Cristo, o dono da Record fez o que o diabo faria se tivesse no lugar dele: zombou de muitos irmãos. Espero que o arrependimento chegue ao coração dele a tempo de se retratar e que passe a usar sua emissora como instrumento para a glória de Deus.


Um abraço a todos!

Marconi

Comentários

  1. Embora repudie veementemente a atitude da Record, não lembro de já ter visto Silas Malafaia, R. R. Soares ou qualquer outro homens de Deus dando direito de resposta a algum gabaritado no assunto que eles ministram contra. Nem na Igreja isso acontece. Ok, um dos propósitos da Igreja é doutrinar, e não debater. Logo, não é de se admirar que uma parte da Igreja (no caso a IURD), quando quer doutrinar o povo, não abra espaço pra debate. Nós, as outras partes da Igreja, também fazemos isso. Acredito que historicamente temos essa tendencia de ir contra as correntes doutrinárias de cada época. E sempre agimos como um rolo compressor, ou seja, sem meio-termos, sem debates. Isso foi bom em muitos momentos da Igreja e também foi muito mau em outros momentos. Resumindo: nos sentimos injustiçados apenas, E APENAS, quando o próximo age como nós... contra nós!

    A Paz

    Anderson

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  2. Sugiro colocar os versículos por extenso, ou seja, em texto. Procurar cada versículos desvia a atenção de quem quer acompanhar cada argumento. Escrever cada versículo, além de dinamizar a leitura, promove o melhor entendimento do que tá sendo escrito.

    Sds

    Anderson

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  3. De fato! Nós na igreja nunca damos espaço de defesa para qualquer pessoa que se posicione contra nossas convicções, contudo, uma reportagem em nível (inter)nacional não cabe nesse argumento. Uma coisa é o doutrinamento na igreja local e a fidelidade a uma visão dada por Deus (Êx 25.9; At 26.19; Tt 1.10,11), outra coisa é uma pessoa praticamente desviada da fé propor uma reportagem que ridicularize uma prática evangélica (ou de qualquer outro grupo). Além disso, há a motivação do sujeito ao fazer e dizer algo. Temos um grande número de irmãos na fé que não possuem um mínimo de discernimento e que podem ser arrastados para o erro devido a sua ingenuidade (Jn 4.9-11; Mt 10.16; At 20.29-31; Ef 4.14; II Pe 2.1-3). É preciso se posicionar sem machucar! É isso que tenho feito há um bom tempo e é a proposta desse blog.

    Se eu fizesse uma reportagem com quase 40min atacando frontalmente qualquer grupo religioso, certamente eu teria a dignidade de oferecer direito de resposta. Na igreja local, creio particularmente que nenhum herege deve ter acesso em função das instruções dadas por Paulo e Pedro (como já citei acima). Contudo, se dentro da própria igreja promovemos um debate sobre um tema polêmico, então a postura deve ser outra.

    Não vejo injustiça quando alguém age contra nós pelo simples fato de ser contra nós ou contra nossas convicções. Se a pessoa estiver certa, ela merece ser ouvida e considerada (é o que tenho feito pessoalmente há muito). Afinal de contas, nada podemos contra a verdade (II Co 13.8). No final, a verdade prevalece e quem estiver do lado da verdade, vencerá pela força do argumento e não por possuir recursos que outro não possui.

    Obs.: quanto à sugestão de expor os textos bíblicos por extenso, prefiro só citá-los, uma vez que textos muito longos em blogs desmotiva qualquer leitor. Dá prá passar o essencial com poucas palavras. Além disso, a maneira como são inseridos os versículos deixa clara a argumentação.

    Valeu por ter comentado!

    A proposta é exatamente essa!

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