A sutil diferença entre pregar e ministrar



        Pode parecer trivial, mas a diferença entre pregar e ministrar é muito significativa e estabelece uma importante distinção entre ministros e pregadores. Pregar o Evangelho é anunciá-lo, proclamá-lo, divulgá-lo, promulgá-lo. Ministrar a Palavra de Deus é suprir as necessidades espirituais dos ouvintes. Pregar o Evangelho se aproxima muito de evangelizar, ministrar a Palavra de Deus é edificar a igreja. Obviamente, todo ministro é um pregador, mas nem todo pregador é um ministro. Pregar o Evangelho não exige tanto preparo e unção. Porém, ministrar exige preparo, unção, chamado, consagração, maturidade, sensibilidade ao Espírito Santo, percepção, graça, favor, reconhecimento da soberania de Deus etc.
        Você não pode ministrar se não foi ungido para isso, pois ninguém pode dar aquilo que não recebeu (Jo 3.27; 19.10,11; Hb 5.1-4). Pregar, por outro lado, está ao alcance de todo aquele que rende sua vida a Cristo, independente de ser ungido ou não para tal tarefa (II Co 5.18-20). Normalmente na igreja há muitos pregadores e poucos ministros. Por não ter chamado e não ser ungido para isso, a maioria dos pregadores acaba se concentrando na eloquência ou em tornar o culto uma atração, enquanto que um ministro tem o zelo e o cuidado de falar aquilo que Deus deseja comunicar à igreja. Essa distinção tem um efeito significativo sobre a congregação. É exatamente em função dessa diferença que muitas pessoas preferem ouvir um ministro a um pregador. Em geral, a preocupação dos pregadores está na reação que a igreja demonstra diante daquilo que ele fala. Um ministro, por outro lado, não usa a reação da igreja como critério ou como termômetro da mensagem. Sua prioridade é fluir na inspiração do Espírito Santo (Mt 10.19,20; Lc 12.11,12; 21.12-15; At 6.8-10; I Pe 4.10,11; Êx 4.10-12).
Não é difícil perceber a diferença entre um ministro e um pregador. Por esse motivo, não podemos condenar as pessoas que tem preferência por um determinado ministro. Essa preferência é uma reação involuntária e não há nada de errado nisso. O equívoco é se recusar a ouvir um pregador e fazer partidarismos em função deste ou daquele (I Co 3.4-7; II Tm 4.3,4). Mas, a simples preferência por determinados ministros não tem nada de errado. Veja esses exemplos bíblicos: Mt 7.28,29; Lc 4.32,36; Jo 7.44-46. Quem você gostaria de ouvir: Jesus ou os fariseus? A Inspiração ou a religião?
A diferença entre ministros e pregadores é também um exemplo do exercício da soberania divina. Quando um sujeito é separado para o ministério por uma escolha meramente humana, Deus não tem obrigação de ungi-lo para tal tarefa. Por mais que se esforce, ele vai falar, falar e não vai edificar ninguém (salvo em raras ocasiões). Porém, quando é o próprio Deus quem escolhe, normalmente tal escolha é acompanhada por uma unção palpável. Normalmente, um ministro é usado por Deus (ou tem a obrigação de ser) com certa frequência, enquanto que para um pregador, essa frequência é mais baixa. Usado por Deus no contexto em que escrevo aqui se refere a alimentar e nutrir espiritualmente os ouvintes ou fluir naquilo em que foi designado por Deus para ser.
A ausência da unção, da graça e do chamado na vida de uma pessoa faz uma diferença enorme. Nada substitui a unção, a inspiração e a atuação do Espírito Santo (At 4.8; 9.31; 10.38; 13.2; 20.22,23,28; Rm 15.18,19; I Co 12.3-11; Hb 2.4; II Pe 1.21). Você pode ter vários parceiros à unção e ao Espírito Santo: eloquência, oratória, retórica, linguagem vernácula, recursos eletrônicos (data show, tablet, notebook) etc. Mas substitutos JAMAIS!!! É claro que estes recursos podem ser muito úteis ao ministro, mas não são fundamentos, são acessórios! Parceiros do Espírito Santo são aceitáveis, mas substitutos não!!! Um culto sem Ele ou um culto onde Sua vontade soberana é ignorada, é como estar num funeral: todos ficam parecendo zumbis. Porém, um culto onde Ele tem liberdade e Seus desígnios são atendidos, é um culto cheio de vida. Por mais belo que seja um pregador, por mais eloquente que seja sua linguagem, por mais preparo teológico e intelectual que possua, sem unção, sem o chamado e sem a graça divina, tal pregador será um mero animador de auditório. O máximo que conseguirá fazer é entreter a igreja, distraí-la. E distração deixa o espírito faminto! Ser alimentado com animações e programações meramente humanas deixa o cristão espiritualmente debilitado, sempre precisando de aconselhamento e oração. Ser alimentado com a essência da Palavra de Deus nutre seu espírito e o leva a um crescimento saudável (Jo 4.34; 6.27,53-58; I Co 3.2; Hb 5.12-14; I Pe 2.2). Não se iluda: a Palavra de Deus é o nosso maior e melhor alimento. Porém, são poucos os que estão prontos para alimentá-lo com essa Palavra. O simples fato de uma pessoa ter um título eclesiástico não significa nada. Ela pode ter conquistado tal posição através de uma dentre muitas formas humanas que são empregadas atualmente.
Em várias ocasiões saí frustrado de cultos. Nestas ocasiões, os pregadores pareciam não ter qualquer preocupação com seus ouvintes e os subestimava. Acredito que o mínimo que se pode oferecer a uma pessoa em um culto é uma ministração consistente da Palavra de Deus (I Co 4.1). É possível oferecer às pessoas uma Palavra sólida sem exigir do ouvinte um Ph.D. em teologia. Uma Palavra sólida não é uma Palavra difícil de entender, na verdade não tem nenhuma relação com dificuldade de compreensão ou vocabulário refinado. A Palavra mais sólida que existe é aquela que é inspirada pelo Espírito Santo. Contudo, a inspiração está sendo negligenciada pela mera ocupação, ou seja, ocupar e preencher um culto virou prioridade. Muitas vezes tal preenchimento é enchimento de linguiça. NADA SUBSTITUI A INSPIRAÇÃO!!!! Você pode ter parceiros e auxiliares da inspiração, mas substitutos não! Se não há inspiração, é por que a soberania do Espírito Santo está sendo ignorada. É praticamente impossível dar liberdade ao Espírito Santo e não presenciar o fluir de Sua unção (II Co 3.17; Ef 4.30; I Ts 5.19). Seja este fluir no ensino, na manifestação dos dons, numa intensa celebração de louvor e adoração a Deus, em cânticos espirituais, na pregação etc. Como será este fluir, não podemos prever e nem determinar, apenas devemos nos entregar a ele (Ez 47.1-12). Obviamente, não é sempre que veremos e presenciaremos este fluir abundante, mas sua frequência certamente não deve ser baixa no Corpo de Cristo.
 
Um abraço a todos.

Marconi

Comentários

  1. Depois de ler tudo, chego a conclusão de que o ide por todo mundo e pregai (pregai) o evangelho é muito mais importante por ser o dever de todos (todos), sem exceção, pois um dia todos, digo todos, seremos cobrados, e o que o Pai nos pedirá contas não será sobre o que ministramos...

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  2. Ensino maravilhoso!!!

    Eu mesmo só aprendi a importância da ministração após cinco anos de ministério da pregação, desde então, nunca deixo de ministrar na direção do Espírito Santo de Deus.

    Graça e paz!

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  3. Eu já preguei muitas e muitas vezes, quando finalizava aquela pregação, as pessoas batiam em meu ombro e diziam: "Boa Palavra!", mas eu mesmo não podia dizer o mesmo, pois certamente em mim faltava alguma coisa, e descobrir o que era, me faltava "unção". Sem unção amados, não chegaremos a lugar nenhum! @prof.johnnylima

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    1. Glória Deus vivendo e aprendendo o ministério de levar palavra Deus me ungiu logo que passei pelas águas foi um pouco demorado de saber que estava sendo usado por Deus para levar amor ao próximo e edificar agora já sei obrigada boa noite Deus abençoe

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    2. Glória Deus vivendo e aprendendo o ministério de levar palavra Deus me ungiu logo que passei pelas águas foi um pouco demorado de saber que estava sendo usado por Deus para levar amor ao próximo e edificar agora já sei obrigada boa noite Deus abençoe

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    3. Cheguei aqui querendo saber. O que jesus era. Pregador. Ou ensinador. O exemplo q temos de pragadores. Sao pessoas que comerça a pregar calmo e depois ha uma explosao de emocao. E muitas vezes as pessoas nao lembrao nem o texto da leitura.por outro lado ouço pessoas ministrar a palavra.e e tanto alimento para a alma. Que nois nao queriamo que terminasse a ministraçao. Nao houve toda essa esplosao de emoçoes. Mais saimo alimentados.vemos o exemplo de jesus que es pessoas ficavao 3 dias ouvindo ele falar ou ensinar e nao se cansavao. E nao vemos registro de movimentos. Nos ensinamentos de jesus. Me ajyde a entender. Espirito santo .

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    4. Mario, veja o que diz Mt 4.23:
      "E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo".

      Observe os termos: ensinando, pregando e curando. O Senhor Jesus não pode ser classificado como pregador ou ministro, Ele é tudo e muito maior do que qualquer definição.

      Nosso Mestre pregava, ensinava e curava sem limites.

      Em relação à sua experiência, acredito que o texto que escrevi já responda.

      Abraços.

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  4. Nossa! Excelente explicação, parabéns professor Marconi. Continue com outras publicações!

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  5. Muito bom ,esse estudo professor è que deveria està sendo ministrado nas igrejas ,principalmente das pereferias dos bairros ,para que nossos irmãos humildes de grade vontade podesem adquerir esse conhecimento como eu modesta parte ,,e que Deus lhe abençoe professor muito mesmo pois vc è um grande tesouro pra nos trazer grandes conhecimento Deus abençoe,

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  6. Olha, primeira vez que li .artigo simples e eficaz. Que Deus te abençoe!

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  7. DEUS ME CHAMOU COMO MINISTRA DA PALAVRA DE DEUS, ME UNGIU, AMO PREGAR A SANTA PALAVRA, DEPOIS DE LER ESSA MATÉRIA, ENTENDI PORQUE O DIABO FECHA TANTAS PORTAS PARA MIM, MINISTRAR A PALAVRA.
    FICA AQUI MEU TEL SE DESEJAREM ME CONVIDAR PARA MINISTAR EM SUA IGREJA, 22 999545335, NÃO PRECISA SER EM FESTIVIDADES, NA CONSAGRAÇÃO, CAMPANHA, ETC, SOU DA REGIÃO DOS LAGOS.
    PRA. MISSIONÁRIA GRAÇA.

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  8. PARABÉNS por está matéria concisa, límpida, fundamentada. Certamente que temos consciência que, o olho não deve desprezar a boca, nem a boca aos pés, assim, não há maior grandeza para o semeador e nem para o ceifador. O Senhor usa quem, como, quando Ele quer, conforme a necessidade da Igreja.

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  9. Muito bom ensinamento, excelente, esclarecedor! Glória à Deus!🙌

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  10. Uauuuuu gostei muito e tirou muito mais as minhas dudúvid pq sem unção nao se tem pregação muito menos ministração

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  11. Excelente ensino que Deus abençoe o senhor, Glória à Deus, hoje eu entendi a unção de Deus, não é unção de homens aí tem diferença Glória à Deus.

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  12. Parabéns ótimo esclarecimento. .. Outro dia ouvir em uma mensagem, a a fe tem a nascer na imaginação, fiquei indignado com isso. Gostaria de saber sua opinião sobre isso por favor. Grato e q o Senhor Jesus contínua te usando muito...

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    1. Olá Phetrus, me desculpe pela demora em responder. Meu acesso ao blog quando ocorre, sempre esqueço de olhar as mensagens.

      Não entendi muito bem o que vc perguntou, mas acredito que a fé não têm necessidade alguma de imaginação. O exercício puro da fé afeta pensamentos, comportamentos e linguagem, mas não precisa de imaginação. A fé é criativa em si mesma.

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  13. Então,meu caso é um pouco diferente: Comecei levando a palavras em pequenos grupos, no monte... Porém sempre a disposição de Deus!
    Então o homem me denominou ( pregadora) Ok. Eu havia dado o meu sim e ainda afirmo, aonde mandar eu irei é Deus quem faz o meu envio. Mas isso gerou conflitos, disseram que sou desobediênte, etc e que não poderia mais usar o nome pregadora...Aceitei e novamente falei com Deus: Eis me aqui! Quando pessoas falaram a pregadora x. Deus me assoprou: Minitra da palavra. Eu disse: Não sou pregadora, apenas ministro a palavra. Amados, eu não sabia o que eu estava falando. Por isso procurei e encontrei. Muito obrigada Marconi, pelo seu sim! Deus trouxe meu resgate através deste artigo!

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  14. Muito obrigado pelo grande ensinamento. Que Deus o abençoe ricamente

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  15. Foi bem esclarecedor o assunto abordado.
    Obrigado

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  16. Quero ser ungido por Deus como um Ministro.

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  17. "Pode parecer trivial, mas a diferença entre pregar e ministrar é muito significativa e estabelece uma importante distinção entre ministros e pregadores. Pregar o Evangelho é anunciá-lo, proclamá-lo, divulgá-lo, promulgá-lo. Ministrar a Palavra de Deus é suprir as necessidades espirituais dos ouvintes." E acrescentou Marconi, "Pregar o Evangelho não exige tanto preparo e unção. Porém, ministrar exige preparo, unção, chamado, consagração, maturidade, sensibilidade ao Espírito Santo, percepção, graça, favor, reconhecimento da soberania de Deus etc."

    Penso que deve ser exatamente ao contrário. O sujeito que do púlpito ministra sem preparo (no mínimo acadêmico) escorrega como sabonete coxeando entre a palavra (que não sabe) e o psicologismo barato que julga edificar.

    Quem, como os gregos que procuraram a Jesus para vê-lo e certamente conhecê-lo, não estavam em busca de 'edificação pessoal, mas para conhecer aquele que a história cristã haveria de identificar como o Filho de Deus.

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  18. Muito bom, nem imaginava que havia diferença,mas vejo que uma completa a outra:ensinamento e unção .

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