A insanidade ateísta – parte II
Trecho do
livro ‘Um ateu garante: Deus existe’
Antony Flew:
Fiquei
especialmente impressionado com a refutação minuciosa de Gerry Schroeder ao que
chamo de ‘teorema do macaco’. Essa
ideia, apresentada de formas variadas, defende a possibilidade de a vida ter surgido por acaso,
usando a analogia de uma multidão de macacos batendo nas teclas de um
computador e, em dado momento, acabarem por escrever um soneto digno de
Shakespeare.
Em
primeiro lugar, Schroeder referiu-se a um experimento conduzido pelo Conselho
de Artes Nacional Britânico. Um computador foi colocado numa jaula que abrigava
seis macacos. Depois de um mês martelando o teclado — e também usando-o como
banheiro! —, os macacos produziram cinquenta páginas digitadas, nas quais não
havia uma única palavra formada. Schroeder comentou que foi isso o que
aconteceu, embora em inglês haja duas palavras de uma só letra, o "a"
(um, uma) e o "I" (eu). O caso é que essas letras só são palavras
quando isoladas de um lado e de outro por espaços. Se levarmos em conta um
teclado de trinta caracteres usados na língua inglesa — vinte e seis letras e outros
símbolos —, a probabilidade de se conseguir uma palavra de uma letra,
martelando as teclas a esmo, é de 30 vezes 30 vezes 30, ou seja, vinte e sete
mil. Então, há uma chance em vinte e sete mil de se conseguir uma palavra de
uma letra.
Schroeder,
então, aplicou as probabilidades à analogia do soneto. Começou perguntando qual
seria a chance de se conseguir escrever um soneto digno de Shakespeare antes de
continuar:
Todos os sonetos são do
mesmo comprimento. São, por definição, compostos de catorze versos. Escolhi
aquele do qual decorei o primeiro verso, que diz: "Devo comparar-te a um
dia de verão?". Contei o número de letras. Há 488 letras nesse soneto.
Qual é a probabilidade de, digitando a esmo, conseguirmos todas essas letras na
exata sequência em todos os versos? Conseguiremos o número 26 multiplicado por
ele mesmo, 488 vezes, ou seja, 26 elevado à 488ª potência. Ou, em outras
palavras, com base no 10, 10 elevado à 690ª potência.
Agora, o número de
partículas no universo — não grãos de areia, estou falando de prótons, elétrons
e nêutrons — é de 10 à 80ª. Dez elevado à octagésima potência é 1 com 80 zeros
à direita. Dez elevado à 690ª é 1 com 690 zeros à direita. Não há partículas
suficientes no universo com que anotarmos as tentativas. Seríamos derrotados
por um fator de 10 à 600ª. Se tomássemos o universo inteiro e o convertêssemos
em chips de computador — esqueçam os macacos —, cada chip pesando um
milionésimo de grama e sendo capaz de processar 488 tentativas a, digamos, um
milhão de vezes por segundo, produzindo letras ao acaso, o número de tentativas
que conseguiríamos seria de 10 à 90ª. Mais uma vez, seríamos derrotados por um
fator de 10 à 600ª. Nunca criaríamos um soneto por acaso. O universo teria de
ser maior, na proporção de 10 elevado à 600ª potência. No entanto, o mundo acredita que um bando de macacos pode fazer isso
todas as vezes.
Antony Flew:
Após
ouvir a apresentação de Schroeder, eu lhe disse que ele estabelecera, de
maneira perfeitamente satisfatória e decisiva, que o "teorema do
macaco" era uma bobagem, e que fora muito bom demonstrar isso apenas com um soneto. O teorema
é, às vezes, proposto através do uso de obras de Shakespeare, ou de uma única
peça, como Hamlet. Se o teorema não
funciona com um simples soneto, é simplesmente absurdo sugerir que a origem da
vida, um feito muito mais elaborado, possa ter acontecido por acaso.
Precisa dizer
mais alguma coisa?
Fonte:
Flew,
Antony. Um ateu garante: Deus existe. As
provas incontestáveis de um filósofo que não acreditava em nada. Tradução
Vera Maria Marques Martins. - São Paulo: Ediouro, 2008.
Na internet:
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