Tentativa de ressurreição do experimento de Urey-Miller para explicar a origem da vida
Neste artigo publicado recentemente na Angewandte Chemie International Edition,
os autores tentam ressuscitar o experimento morto de Urey-Miller sobre a origem
da vida:
“A Plausible Simultaneous Synthesis of Amino Acids and Simple Peptides on the Primordial Earth”, http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/anie.201403683/abstract
Stanley Miller, 1999.
Source/Fonte: James Sugar
As
críticas antigas de Jonathan Wells do experimento de Urey-Miller ainda se
aplicam:
(1)
Os pesquisadores ainda usaram os gases errados: metano, amônia e vapor de
água. Há décadas, os geoquímicos não têm considerado a probabilidade de que
esses gases foram abundantes na atmosfera da Terra primitiva.
(2)
Os pesquisadores ainda ignoraram a presença de oxigênio, que destrói os
produtos desejados. Wells explicou que o oxigênio, provavelmente, era abundante
devido à fotodissociação da água na atmosfera. O oxigênio permaneceria enquanto
que o hidrogênio escaparia rapidamente para o espaço.
(3)
Mesmo que traços de quantidades de amônia ou metano e outros gases redutores
estivessem presentes, eles teriam sido destruídos rapidamente pela radiação
ultravioleta.
(4)
Nenhum aminoácido tem sido criado em experimentos de descarga de faíscas usando
uma atmosfera real de nitrogênio, dióxido de carbono e vapor de água, mesmo na
ausência de oxigênio.
(5)
Os aminoácidos produzidos eram racêmicos (misturas de formas dextrogiras e
levogiras). Fora as raras exceções, a vida usa somente a forma levogira.
Os astrobiólogos precisam explicar como que o
primeiro replicador isolou uma mão daquela mistura, ou como inicialmente obteve
função de formas misturadas de aminoácidos, e depois mais tarde converteu-as em
formas únicas de mãos. Nenhuma dessas possibilidades é plausível para processos
naturais não guiados – especialmente quando a seleção natural não estaria
disponível até que a replicação exata fosse alcançada.
(6)
Reações cruzadas indesejáveis com outros produtos gerariam alcatrão, destruindo
os aminoácidos. Somente isolando os produtos desejados (uma forma de
interferência do investigador – alguém poderia chamar de design inteligente) é
que eles poderiam reivindicar sucesso parcial.
(7)
Os aminoácidos tendem a se desfazer em água e não a se juntar. Sob as melhores
condições com cianamida, Bada e Parker somente obtiveram dipeptídeos. Ciclos
repetidos de molhar e secar teriam que ser imaginados para a polimerização, mas
muitos astrobiólogos hoje em dia pensam que a vida se originou nas fontes
hidrotermais profundas.
(8)
Os reagentes desejados seriam extremamente diluídos nos oceanos sem plausíveis
mecanismos de concentração. Mesmo assim, eles se dispersariam sem os vasos
plausíveis como as membranas celulares, para mantê-los próximos.
(9)
Os polipeptídeos sem vida não iriam a lugar nenhum sem um código genético para
conduzi-los.
(10)
Os experimentos de Urey-Miller não podem falar da origem de outras moléculas
complexas necessárias para a vida: ácidos nucleicos, açúcares e lipídios.
Algumas dessas moléculas complexas exigem condições muito diferentes do que as
retratadas para a síntese de aminoácidos: e.g., um ambiente deserto com boro
para a síntese da ribose (essencial para o RNA).
O experimento de Urey-Miller sobre a origem da vida pode ser uma teoria bonita para alguns, mas como Thomas Huxley bem salientou, muitas teorias bonitas foram mortas somente por um fato feio. Nós acabamos de lhe apresentar dez fatos feios que matam o ícone do experimento de Urey-Miller.
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