Vença o mal com o bem!
Uma
das principais estratégias do inimigo contra a sua vida espiritual é tentar
acumular em você iras, frustrações, decepções, amarguras, ódios, falta de
perdão, ressentimentos, ofensas, escândalos etc. Admito que essa é uma das
táticas mais eficientes das trevas. Ela é capaz de afastar um grande número de
pessoas da presença de Deus e do convívio saudável da igreja (Hb 12.15).
Do meu
ponto de vista, a melhor vacina e o medicamento mais relevante contra essa
artimanha, é você ser realista. Ser realista consiste, mais ou menos, no
seguinte: esperar o pior e estar pronto para o melhor. Saiba que as pessoas são
frágeis, vulneráveis, falíveis, susceptíveis a erros e equívocos diversos. Até
as mais sublimes que você conhece podem decepcioná-lo.
Para
evitar um impacto profundo, comece não esperando nada de ninguém, apenas de
Deus. Não gere grandes expectativas em indivíduos, calibre seu alvo e mire
apenas em Jesus (Hb 12.1-3). Devemos amar as pessoas, ter uma boa relação com
elas, mas jamais fazer delas o fundamento da nossa vida. Quando o assunto é
amor, o Evangelho deixa claro: amar a Deus e aos homens. Quando o assunto é
confiança, a clareza se mantém: só em Deus (Jr 17.5-10; Sl 25.3).
Não há
nada errado em admirar pessoas, se espelhar nos bons exemplos, ter referenciais,
honrar os ministros (Hb 13.7; Fl 4.9; I Co 11.1; Fl 2.29,30; I Tm 5.17,18). O
problema surge quando você põe nessas pessoas uma esperança e uma confiança
maior do que elas merecem. Essa desproporcionalidade pode causar muitos danos.
Há uma confiança (esperança, expectativa) que você deposita somente em Deus (Is
42.8; Sl 37.5; Sl 118.8; Pv 3.5; Is 26.4). Tenha muito cuidado para não dividir
com os homens aquilo que somente Deus é digno.
Você
não precisa destratar as pessoas, os ministros, os líderes, os pastores, os
parentes, as autoridades etc. Não é necessário fazer isso para externar sua
confiança em Deus. Basta apenas ajustar corretamente sua postura. Confiando
apenas em Deus e direcionando só para Ele suas esperanças e expectativas, não
estará desprestigiando ninguém, estará apenas mirando no alvo certo.
Embora
muitos não admitam e não queiram falar sobre o assunto, as pessoas mais
sublimes e brilhantes erram com as outras. Não importa quão santo é um indivíduo
ou qual sua patente eclesiástica, cedo ou tarde ele irá falhar com você. Seja
apóstolo, bispo, mestre, pastor, profeta, líder, pregador, evangelista,
sacerdote etc. em algum momento vão te desapontar. Até na família, pai, mãe,
filho, cônjuge... Enfim!
A maioria
absoluta dos líderes está indisposta a tratar desse assunto com a honestidade
intelectual que o tema exige. Além disso, muitos deles não suportam a
transparência e não admitem quando erram. Eles fazem isso movidos por uma
vaidade sutil frequentemente disfarçada de virtude. Se fossem mais maduros,
deixariam claras as suas limitações e susceptibilidade ao erro. Porém, optam
por manter nas mentes das pessoas uma imagem mística deles mesmos, como se
fossem criaturas superiores e inalcançáveis. Quanta bobagem!
Neste cenário, o melhor que você tem a
fazer é olhar apenas para seu Pai celestial e nEle repousar (Êx 33.14; Sl 4.8;
Mt 11.29). A verdadeira confiança exige entrega, portanto, você deve entregar,
largar, se desprender de qualquer coisa, de sentimentos e posicionamentos que
deixam você hesitante. Deve se entregar totalmente ao Senhor sem qualquer
reserva e confiar que Ele, somente Ele, pode te proporcionar o melhor.
Além
de não atribuir aos homens aquilo que só pode e deve ser atribuído a Deus,
encare a vida como ela é e não como você gostaria que ela fosse. Percebo que
quanto mais madura é uma pessoa, menos ela é atingida por frustrações,
decepções, amarguras e fraquezas (I Co 13.11; Fl 4.11-13). Ser realista não
implica em ser alguém triste, abatido, desanimado, empobrecido etc. Ser realista é não
ser facilmente atingido pelas intempéries da vida e entender que Deus não é seu
mordomo (Hc 3.17-19).
Ser
realista é JAMAIS se frustrar com Deus, é tentar descobrir a forma, o ritmo e a
maneira com que Ele trata com você. Como Ele responde suas orações, como Ele te
corrige, como Ele fala com você, como Ele a ti se dirige. É descobrir qual a
dinâmica da relação de Deus com você, e não somente da sua com Ele (Nm 12.4-9). Essa
descoberta é libertadora.
Se
você crescer nestas verdades e evoluir neste caminho, estará apto a vencer o
mal com o bem e não retribuir o mal com mal (Rm 12.9,10,19-21). Essa é uma
tarefa hercúlea, porém, é uma das mais nobres que existe (Mt 6.43-48; Ef 4.32;
II Ts 3.13; I Pe 3.8). Não se deixe vencer do mal, não permita que ele encontre
espaço em você para crescer, evoluir e atingir outras pessoas. Vença o mal com o bem, por mais caro que
isso custe. O preço não é maior do que a graça de Deus operando em você. Alguém certa vez disse que perdoar é abrir mão do seu direito de punir, você até tem o direito mas opta por abrir mão dele.
Responda
à cada ataque do inimigo com a ferramenta oposta: à ira com calmaria, às frustrações
com novos planos e projetos, às decepções com perseverança, às amarguras com
bondade, ao ódio com amor, à falta de perdão com misericórdia, aos ressentimentos
com superação, às ofensas com paciência, aos escândalos com inteligência.
Jamais esqueça que as pessoas não são incríveis, pelo contrário, são
decepcionantes, até você mesmo pode ser decepcionante para alguém. Aprenda a lidar com isso de maneira franca, sem alardes ou reações histéricas. O foco não reside em
nós, mas nEle (Cl 1.15-17). Ele é a nossa resplandecente estrela da manhã (Ap
22.16).
Vencer
o mal com o bem não é uma tarefa pontual, esporádica e momentânea, mas contínua
e permanente. É para a vida toda. Portanto, comece já!
Um abraço
a todos.
Marconi
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